Durante todo colegial, eu tinha a vontade de ser bióloga. Mas, quando chegou o terceiro ano, mudei de ideia por pensar que essa escolha me faria ficar horas dentro de um laboratório e que talvez levasse a vida inteira para fazer a diferença na vida de alguém.

Assim, nesse momento da minha vida, ficou claro que eu gostava de me relacionar, conhecer histórias e fazer a diferença de uma forma mais imediata na vida das pessoas e ainda assim manter a minha paixão pela biologia. E então, decidi que me tornaria médica, com a missão de ajudar as pessoas e fazer a diferença diariamente na vida delas, promovendo saúde, bem-estar e qualidade de vida dentro das possibilidades e realidade de cada paciente.

Quando entrei na faculdade de medicina de São José do Rio Preto (FAMERP), em 2008, tive a nítida sensação de que a vida acadêmica tinha um tempo limitado e que deveria aproveitar tudo o que aqueles 6 anos poderiam me proporcionar.

Além de desempenhar as atividades acadêmicas habituais, fiz parte da associação atlética acadêmica, treinei algumas modalidades esportivas e fiz uma iniciação científica. Foi um período de aprendizado e histórias inesquecíveis. Ao fim dele, abriram-se novas possibilidades e seria necessário escolher a residência médica.

Escolhi clínica médica que, para mim, era a verdadeira arte da medicina. Ver um professor avaliar alguém e a partir da sua história e exame físico tecer hipóteses diagnósticas e após confirmá-las com ajuda de exames complementares me trazia uma emoção indescritível, como a de alguém que ganha um jogo muito importante. Eu queria sentir esse orgulho de mim mesma um dia.

Fui aprovada na residência de Clínica Médica na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP – EPM). Foram 2 anos repletos de desafios, mas que me fizeram crescer profissionalmente e pessoalmente. Nesse período, conheci a reumatologia e achei fascinante o quanto nessa especialidade o paciente era visto de maneira integral. Para exercê-la, era necessário todo o conhecimento da clínica médica, tanto para fazer o diagnóstico, quanto para considerar outras possibilidades, tratar a doença e suas comorbidades.

Além disso, na época em que escolhi, estavam surgindo diversas medicações que estavam mudando para melhor a vida dos pacientes. Doenças que anteriormente traziam muitas sequelas ou desfechos ruins para as pessoas podiam agora ser tratadas. Não tinha outra escolha.

Fui aprovada em Reumatologia na mesma instituição. Foram 2 anos de estudo, construindo e lapidando o conhecimento, tendo contato com mestres reconhecidos internacionalmente e que não hesitavam em dividir o conhecimento com seus alunos. Nesse ambiente rico, iniciei o meu mestrado, o qual conclui 1 ano após o término.

Hoje sigo como doutoranda e médica voluntária no ambulatório de colagenoses e de esclerose sistêmica da UNIFESP.